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CEFET-MG

CEFET-MG participa da descoberta de novos aglomerados estelares na Via Láctea

Segunda-feira, 15 de junho de 2020

Em uma pesquisa recente  envolvendo astrônomos da UFMG, UFRJ e CEFET-MG, vinte e cinco novos aglomerados de estrelas foram descobertos e catalogados na nossa Galáxia.

Aglomerados estelares são agrupamentos concentrados  nos quais o conjunto de estrelas-membro possui mesma idade, composição química e distância até a Terra, visto que nasceram a partir do colapso gravitacional de uma mesma nuvem molecular progenitora. As estrelas de um aglomerado interagem gravitacionalmente entre si, como se fossem partículas de um gás, pois estão fisicamente próximas umas das outras. Nesse sentido, não se deve confundir aglomerados estelares com constelações. Constelações são um alinhamento ocasional e fortuito de estrelas no céu , sem conexão física umas com as outras.

Acredita-se que a grande maioria das estrelas (possivelmente todas) nascem em aglomerados. Devido a interações dinâmicas, ao longo de milhões ou mesmo bilhões de anos, essas estruturas dissolvem-se em meio à população geral da Via Láctea. O estudo dos aglomerados permite uma compreensão cada vez mais precisa e completa dos estágios evolutivos das estrelas, as quais são o “tijolo” fundamental do  Universo dado que são “fábricas” de elementos químicos.  A caracterização de um número cada vez mais elevado de aglomerados também permite uma melhor compreensão da estrutura da nossa Via Láctea.

A descoberta dos 25 novos aglomerados é creditada ao doutorando em Física pela UFMG Filipe Andrade Ferreira. A descoberta e caracterização  desses novos objetos contou com a colaboração  dos seguintes co-autores: prof. Dr. Mateus Angelo (CEFET Nepomuceno), prof Dr. Wagner Corradi (UFMG, LNA), prof. Dr. João Francisco Coelho (UFMG, Univ. de La Serena) e prof. Dr. Francisco Maia (UFRJ).

No trabalho, foram utilizados dados de satélite de alta precisão  disponiblizados pela missão observacional GAIA, da Agência Espacial Européia (ESA). Os aglomerados  descobertos são  constituídos por algumas centenas de estrelas, apresentando distâncias até a Terra inferiores a 10 000 anos-luz e suas idades variam de 30 milhões a 3 bilhões de anos.

Os 25 novos aglomerados localizam-se em regiões muito povoadas da nossa Galáxia, onde também há elevadas concentrações de poeira e gás, o que dificulta sua detecção. A caracterização mais precisa desses objetos foi possível graças à utilização de uma ferramenta estatística desenvolvida pelo prof. Dr. Mateus Angelo durante residência pós-doutoral realizada no Laboratório Nacional de Astrofísica. O algoritmo utiliza informações de distância e velocidades para comparar estatisticamente amostras de estrelas na direção dos aglomerados e em regiões adjacentes da Via Láctea.

O artigo  completo já pode ser acessado no repositório público Arxiv (Cornell University):

https://arxiv.org/abs/2006.05611

A versão definitiva  do artigo será publicada no periódico britânico  Monthly Notes of the Royal Astronomical Society, um dos mais relevantes e influentes periódicos de Astrofísica com circulação mundial.

 

Fonte: Mateus de Souza Angelo.