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CEFET-MG

Professor de Física do CEFET Nepomuceno publica estudo mais recente sobre evolução de aglomerados de estrelas em nossa galáxia

Terça-feira, 3 de março de 2020

Resumo

Em nosso trabalho mais recente (Angelo et al. 2020, accept), investigamos as propriedades físicas de 27 aglomerados de estrelas presentes em nossa Via Láctea. Aglomerados estelares são agrupamentos de estrelas que se encontram fisicamente próximas umas das outras (diferentemente das constelações) e que possuem uma origem comum, isto é, apresentam mesma idade e composição química, visto que nasceram de uma mesma nuvem molecular primordial.

Os aglomerados estelares são verdadeiros laboratórios de Física. O estudo dessas populações possui duas utilidades essenciais: (1) permitem testar experimentalmente os modelos de evolução das estrelas (comparando dados observacionais com dados vindos de cálculos teóricos); (2) permitem traçar um histórico evolutivo da nossa Galáxia desde sua formação, além de uma melhor compreensão de sua estrutura. O ponto (2) é possível pelo fato de termos muitos aglomerados de estrelas na Via Láctea, com diferentes formas, idades, localizações e composições químicas.

Em Angelo et al. (2020, accept), utilizamos dados fotométricos e astrométricos de alta precisão, disponibilizados pela missão espacial GAIA. Esse satélite, lançado pela agência espacial européia (ESA) em 2013, tem como objetivo observar cerca de 2 bilhões de estrelas ao longo de toda a Galáxia, coletando dados de brilho e posições, além de determinar distâncias, velocidades e características físicas das atmosferas das estrelas observadas.

Os 27 agrupamentos estudados apresentam distâncias que variam de 945 até 16000 anos-luz em relação ao Sol e possuem entre ~100 e 1000 estrelas. Suas idades variam de 10 milhões a 5 bilhões de anos. Os aglomerados encontram-se entre duas regiões da Via Láctea denominadas “Braço espiral de Sagitário” e “Braço espiral de Perseu”. As atmosferas de suas estrelas membro apresentam composição química semelhante ao nosso Sol. Nosso estudo demonstrou que, na medida em que evoluem, as estrelas de baixa massa perdem contato gravitacional com o aglomerado e são evaporadas do sistema. As estrelas de massa mais elevada tendem a concentrar-se nas regiões centrais, formando concentrações densas de estrelas.

Essa investigação permite estabelecer vínculos observacionais a estudos teóricos que têm como objetivo modelar a formação e evolução dos aglomerados Galácticos. Nesse sentido, nosso estudo permitiu elucidar algumas questões relevantes, presentes na literatura, a respeito da evolução dinâmica de aglomerados de estrelas.


Periódico

Monthly Notes of the Royal Astronomical Society (MNRAS) é um periódico britânico, com circulação internacional, sendo um dos principais veículos para publicação de artigos científicos em astronomia e astrofísica, bem como um dos mais antigos (190 anos).


Artigos:

2019 MNRAS, 488, 1635

2019 A&A 624, A8

2019 MNRAS 488, 4648

2019 MNRAS, 483, 550

Destaque na mídia (BBC Brasil)

Fonte: Mateus de Souza Angelo